Às seis em ponto – críticas

ELVIRA VIGNA: ÀS SEIS EM PONTO (Companhia das Letras, 1998, 128p.) – uma seleção de críticas do livro publicadas na imprensa
– prêmio Cidade de Belo Horizonte de Melhor Romance.

 

 

arquivos internos de ‘às seis em ponto’:
trecho do livro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jefferson de Andrade – Estado de Minas, seção Livros, 22/11/1998

Ano passado, ao comentar O assassinato de Bebê Martê, de Elvira Vigna, começamos dizendo que existem escritores que realizam seus romances buscando o que pode determinar uma atmosfera. Ao finalizar o comentário, sinalizamos que o livro era um esboço para novas tentativas da autora, mas que o caminho escolhido era um longo e árduo percurso.
Ainda no ano passado, Elvira Vigna foi premiada no Concurso Nacional de Literatura Cidade de Belo Horizonte com o romance Às seis em ponto. No Brasil, muitas vezes, os livros são premiados e mesmo assim não são publicados imediatamente. Mas ela teve a sorte de ver seu novo livro editado logo, em 98. Como a leitura do anterior está viva na lembrança, mais fácil fica determinar a diferença fantástica entre uma e outra obra.
Elvira Vigna mereceu o prêmio. Às seis em ponto atesta seu crescimento como escritora. Ela domina a história e a narrativa da primeira à última frase. “Haroldo, eu estive em Miracema sexta passada. Eu sei que ele já sabe. O papelzinho.” – a descrição da vida de Maria Teresa surge entre confissões, lembranças e uma história forte.
Como a história está centrada em torno da pintura de Velásquez, diríamos que as pinceladas da escritora para resumir situações e descrever anos de ocorrências são extremamente agudas e definitivas, perfeitas. Surgem algumas histórias paralelas na narrativa como se fossem contos inseridos no romance. E todos giram em torno de uma só personagem – a mulher.
Um comentário infeliz de quem escreveu as orelhas do livro faz com que o leitor inicie sua caminhada pela obra com uma falsa impressão. Sugere-se que a narradora, Maria Teresa, mente e é cínica. Nada disso. Em tom confessional, com o ressaltado estilo elíptico, Elvira Vigna narra a história de uma mulher e seus relacionamentos com o homem. E o homem primeiro da vida de Maria Teresa é seu pai. Na verdade, o pai é o primeiro homem na vida de todas as mulheres. São relacionamentos humanos muito fortes que não comportam mentiras, no máximo frases dissimuladas para empreender fugas. Às seis em ponto entra para a galeria dos importantes livros brasileiros. Prêmio maior é a sua leitura. E Elvira Vigna é de fato uma grande escritora nacional.